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Relação desigual entre Rei/Rainha e seu súdito

Atualizado: 23 de nov. de 2023

A relação desigual entre namorados e casados em pleno século 20.

"Saúde o seu amado e ajoelhe por migalhas"
Relacionamentos tóxicos com narcisistas, raramente quem está na relação consegue se ver nisso...

O súdito era o indivíduo que pedia algum benefício a um nobre superior no período Feudal e, em troca, fazia um juramento de absoluta fidelidade a este. Quem se tornasse vassalo deveria se submeter às ordens impostas em acordo com o seu soberano. Geralmente o benefício era a proteção contra bárbaros nas terras do lorde onde encontrava a vila.


Em tempos atuais o súdito, muitas vezes se encontra nos relacionamentos amorosos, o benefício é a fantasia de não ser abandonado pelo parceiro e que este se mantenha fiel à relação. Em troca deve-se garantir total zelo ao nobre superior, garantindo suprir suas necessidades básicas, como alimentação, moradia, transporte e lazer. No quesito amoroso, o rei não tem tanta disposição pela assessoria plena, cabendo apenas manter sua manutenção básica com seu súdito, uma palavra dada, um gesto percebido, um leve aceno com a cabeça.


Em seu castelo, o rei dita suas regras e delega suas ordens garantindo a submissão ao seu súdito que o atende sem pestanejar, a fantasia do vassalo é do lorde ser totalmente fiel em tempos modernos, por vezes, nem sempre é possível garantir esse acordo, já que é o súdito quem se dispõem da fantasiar esse laço. Estar na posição de rei, raramente não estará disposto a garantir esse tratado.


O súdito se angustia, passa por quadros depressivos no lar, há um severo desbotamento emocional na vida social e profissional. Suspeitas se levantam, investigações são levadas na corte, o rei vai pensar se vai lhe atender suas solicitações. O tempo para responder as dúvidas se arrastam, fomentando as paranoias do vassalo.


Se houver ruptura, o rei vai se manter sentado em seu trono, porque não gerou perda emocional no processo, diferente do súdito. O Lorde vai sentir sim, saudades da perda dos benefícios que era atendido prontamente, por fim tentará barganhar tendencialmente gerando um toque sentimental para manter os privilégios que geralmente são atendidos.


Em set psicoterápico é necessário que o súdito se desintoxique do lorde, tornando-o novamente como igual, sem se sentir sob um casta inferior a dele. É um processo longo, demasiadamente sofrível, um processo de acolhimento e escuta clínica se faz necessário por muito mais tempo, já que pelo senso comum se torna claro essa ruptura, mas para que vive no sofrimento, essa ligação é difícil de se interromper.


O paciente se irrita, fica intimidado, chora muito, por vezes envergonhado pela falta de iniciativa na tentativa de sair desta situação durantes as sessões, se colocando responsável em não dar evolução ao tratamento, mas isso é um equívoco, já que essa "cobrança" é naturalmente comum na sociedade que vivemos, em que é necessário se prover, se garantir e é por demais pontuado por resultados. Inconscientemente somos julgados e sentenciados por nós mesmos diariamente, resultado desse ambiente social que vivemos.


Pela busca de alternativas, o paciente geralmente recorre a uma ressignificação a sua relação, por vezes construindo um laço afetivo paternal ou maternal, em casos quando se identifica essa tendência. Em outros casos, a relação se torna uma amizade de um amor platônico, trata-se de um recibo promissório com a possibilidade de retorno. Tudo isso faz parte do repertório de sessão, em que o paciente vai lidar com outras possibilidades mesmo que isso para ele não seja viável a longo prazo ou lhe permita melhor neste momento uma ponte para que futuramente aceite os fatos. Novamente, é preciso que o paciente valide sua construção de pensamento e que o psicólogo garanta um olhar e uma fala correta num momento certo para que, este possa ter uma outra visão e reflexão sobre o mesmo assunto.


Resinificar por si só as vezes pode ser muito difícil, dependendo de como o paciente se relaciona consigo mesmo diante de suas derrotas e vitórias pode não se sentir digno de se sentir um "rei/rainha", essa relação afetiva desigual por vezes tem mais a ver com quem sofre, talvez por certos traumas ou faltas não tenham sido devidamente sanadas. Mas que em sessão focará sua energia, suas frustrações, suas mágoas na ruptura da relação do que na tentativa de olhar aquilo que lhe falta e tenta preencher no outro.


Trata-se então a "ponta do iceberg" já que no processo psicoterapêutico de lidar com uma ruptura de relacionamento desigual é parte do início de autodescoberta do paciente que não necessita do outro. Compreender a si mesmo auxilia estar mais preparado a compreender seu papel numa futura relação de iguais e não de reis/rainhas e seus súditos.




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