Primeira História - “Já era rotina aquela jovem sair com as amigas e que sempre voltava tarde da noite, por vezes conseguia dormir na casa de uma amiga, deixava o celular em modo silencioso e só retornava para a casa após o meio-dia quando a mãe estava fora de casa, trabalhando em período integral, pois era única responsável por prover o sustento da casa. A jovem não suportava a genitora ficar “buzinando” no seu ouvido sobre suas responsabilidades ou deveres, pois via a mãe como alguém que parou de se preocupar com a filha há muito tempo. Ao chegar a casa, comia o que tinha na geladeira sem se preocupar se iria sobrar para mais alguém. Tomava um banho demorado sem preocupação com o tempo de uso e o gasto que isso iria dar. Ficava em seu quarto conversando com as amigas pelo wathsapp e já planejava outra saída antes do retorno da genitora”.
Segunda História - “Já estava na hora de acordar para ir à escola, a genitora o acordou, o fez tomar banho e reforçou suas orientações em não perder a aula, a mãe estava certa de ver o filho começar ter iniciativa de sua própria autonomia. Foi só a mãe sair de casa, que o adolescente voltou para a cama, antes de comer um lanche reforçado sujando todo o chão e que deixou o pires e os talheres na pia para serem lavados quando a genitora retornasse do trabalho. Acordou por volta das 13h00 e foi até a sala para ligar a televisão, onde ficou por algumas horas assistindo televisão, reclamou do videogame quebrado e por vezes retornou a cozinha para fazer outro lanche rápido, acumulando mais pratos e talheres a serem limpos. Quando a genitora retornou para a casa às 19h00, o adolescente estava ainda sentado no sofá assistindo a novela na televisão, questionou sobre ter ido à escola e acreditou que o filho estava em sala de aula dessa vez, foi repreendido pela bagunça que fez a cozinha, teve que ouvir o sermão que já era rotineiro, mas a genitora estava tão cansada que não se estendeu nas orientações, preferiu tomar um banho demorado, limpar os itens na pia para não acumular no dia seguinte e aproveitar o pouco tempo que tinha para assistir a novela das 21h00 com o filho que nunca tinha tempo para ficar muito tempo juntos lado a lado, pois também trabalhava aos finais de semana desde que o marido faleceu de AVC”.
Terceira História - “O casamento estava desmoronando, havia brigado com alguns amigos próximos, pois não conseguia controlar a agressividade como lidava com os pontos de vista diferentes da sua. O trabalho também não ajudava, não conseguia manter um emprego por mais de 03 meses, ficava ansioso, sempre discutia com a coordenação, parecia seguir uma rotina de sempre se atrasar e inventar uma desculpa. Os empregos que fazia bem era com bicos, mais fáceis, mas nem sempre apareciam com frequência, pagava na hora, o trabalho era mais simples sem tanta elaboração, porém braçal, mas também não pagavam muito, por isso a esposa tinha que trabalhar em dobro para manter a relação e os filhos. Por vezes, ia visitar os genitores, inventava uma desculpa para almoçava lá, fugir das cobranças matrimoniais e lembrava os bons tempos que não se preocupava e não tinha tantas obrigações com a vida. A mãe lavou seu prato e limpou as migalhas em volta da mesa onde estava. Varreu a sala em que o filho tinha entrado despreocupadamente com os pés sujos de lama, lembrou-se do tempo de que era adolescente, que dava trabalhão, tinha problemas com regras, nunca se interessou em terminar os estudos, ficava maior parte na rua com os amigos, por vezes o pai o livrava de pedir desculpas aos locais onde fazia coisas erradas, tentava sempre minimizar as ações do filho como forma de amor e protege-lo deste “mundo cão””.
Quarta História - “Estava no 8º ano de Ensino Fundamental naquela escola pública em que sua mãe havia estudado, ela havia parado na 2ª ano do Ensino Médio e trabalhava como auxiliar de produção em uma fábrica local há pouco tempo, estava focada. O genitor ficava também pouco tempo em casa, o tempo que tinha jogava bola com o adolescente, iam ao cinema juntos, tinham uma boa relação. As provas finais estavam começando naquele mês, o mesmo que havia acontecido no ano passado quando o adolescente passou pelo mesmo sufoco e que não conseguiu tirar boas notas. Novamente repetiu mais um ano, o que fez a direção escolar pedir um laudo neurológico das funções cognitivas daquele adolescente. Concluiu-se em tratar-se de um distúrbio de intelectualidade, o genitor entregou a documentação á escola sem muito entender o que fariam com aquele laudo. Por sua vez a escola a usou para “lavar as mãos” de auxiliar o adolescente, alegando de não se tratar da metodologia de como é ensinado, mas sim de alguém que não possui capacidade de aprender. Foi encaminhado para alguns profissionais na área escolar, mas a genitora não possuía recursos financeiros o suficiente para que o adolescente recebesse o tratamento, desta forma, a mãe conseguiu através de instituições sem fins lucrativos e instituições de ensino superior, mas que nem sempre se obtém o mesmo resultado de um profissional especializado. Com o tempo, o adolescente percebe que é um gigante comparado a outros alunos que entraram nos anos seguintes, passa a se rebelar com o conteúdo escolar que praticamente não consegue entender, faltam às aulas, inventa desculpas, vai à procura dos amigos que nem sempre é de boa índole para conversar na rua, ir às festas, passa não ter hora de voltar para casa”.
São histórias fictícias para citar exemplos de possíveis situações de dificuldades que algumas pessoas podem passar em relação ao seu convívio familiar diário. Tem haver do papel que é algo que poucos responsáveis desenvolvem com seus filhos, talvez pela crise no País, pela dificuldade da falta de tempo, pela preocupação com outras coisas mais essenciais do que sua prole. A verdade é que deixamos de lado todo aquele cuidado quando é bebê, deixamos mais á vontade o s filhos quando passam a ficar em pé e a correr por aí, achando que podem fazer tudo que quiserem, nem sempre os responsáveis conseguem acompanhar o ritmo, talvez queiram que sejam independentes precocemente já que logo aos 02 anos já são capazes de manusear um celular de forma quase conscientes. A verdade é que cada vez mais o mundo cobra mais do tempo profissional, há uma necessidade ávida pelo espaço individual, por vezes se contrata profissionais para cuidar e orientar filhos, quando não há essa disponibilidade, há pouca interação com as crianças em guia-las no mundo tal como ela é ou deixa-las decidirem, a probabilidade de distorcer a realidade é maior, mesmo em idade adulta com mais propensão a fracassos pessoais, amorosos e profissionais, aos poucos perdem o controle da sua vida.
Muitos adultos são resultados de um ciclo vicioso, resultado de um lar cheio de problemas de convívio, de pouca mensuração aos erros e acertos próprios, que iram repetir os mesmos sintomas para as futuras gerações. Existe um erro ao presumir que muitos responsáveis estejam sozinhos, mas revelar que são incapazes deles próprios orientarem seus filhos é como aceitar que fracassaram com pais, isso é ainda um paradigma para muita gente, mesmo em dias tão atuais como vivemos. Devemos lembrar que muitos profissionais, dentre eles o psicólogo está ao lado de quem precisa de ajuda.
Autor: José Hiroshi Taniguti
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